O campeonato nem chegou na metade ainda, as equipes continuam próximas e a Fórmula 1 está disputada de uma forma pouco vista nas últimas décadas. Porém, por tudo o que se viu no GP da Inglaterra hoje, já dá para dizer que o campeonato afunilou.
Ainda podemos (e devemos) ter surpresas nas próximas onze corridas restantes, mas o resultado de hoje, com vitória de Mark Webber, Fernando Alonso em segundo e Sebastian Vettel em terceiro, elevou os três à posição de reais postulantes ao título. Alonso é líder, com 13 pontos de vantagem para Webber e 29 para Vettel. Lewis Hamilton está em quarto, oito pontos atrás do alemão da Red Bull, uma distância que não chega a ser impeditiva, mas a McLaren parece já não mais ter fôlego para lutar pelo campeonato.
Jenson Button, que chegou em décimo, manteve o desempenho de rascunho do baita piloto que já demonstrou ser. Lewis Hamilton fez o que pôde, lutou até o fim, mas o oitavo lugar foi o máximo que deu para arrumar. Desde o começo do campeonato a McLaren só faz andar para trás. De melhor carro nas primeiras provas, hoje não passa de quarta ou quinta força, atrás da Lotus e, eventualmente, da Mercedes.
A corrida deixou bem clara a supremacia de Ferrari e Red Bull. Seus quatro carros dominaram a prova com certa facilidade, num ritmo superior aos demais adversários. Não é nenhuma diferença que nos impeça de ver ainda uma Lotus vencendo na temporada, mas a tendência é que a partir de agora os dois times comecem a concentrar as vitórias. O que dá um certo alento a Felipe Massa, que começou o ano de forma desastrosa e agora vai salvando a temporada. Com atuações consistentes desde o Canadá, hoje chegou em quarto lugar, sua melhor classificação desde o GP da Coreia do Sul de 2010, quando chegou em terceiro. Os pontos de Massa na Inglaterra foram importantes para a Ferrari, que pela primeira vez aparece em segundo lugar no Mundial de Construtores.
A Red Bull, que venceu a prova na estratégia, parece ter um carro superior ao da Ferrari. Porém, o talento de Alonso compensa as coisas, colocando a Ferrari à frente. O espanhol só não conquistou a terceira vitória no ano em razão de uma escolha errada de pneus. Guardou os macios para o último stint, acreditando que seria o piloto mais rápido da pista na fase final da prova. Porém, os compostos duros da Pirelli estiveram mais confiáveis e a estratégia de Alonso ruiu. Mesmo dominando a corrida nos dois primeiros terços, virou presa fácil no terço final, calçado com a borracha errada. O campeonato agradece. Tivesse vencido, como estava no script, Alonso teria aberto uma diferença de 27 pontos para Webber e 36 para Vettel. Seria uma diferença grande demais para um campeonato tão equilibrado.
Foi uma boa corrida, porém um pouco abaixo da média da temporada, que vem sendo excepcional. Além dos quatro primeiros, destaque para Bruno Senna, que chegou em nono em boa corrida de recuperação, depois de rodar no final de seu primeiro stint. E destaque negativo para Pastor Maldonado, que abalroou Sergio Perez de forma irresponsável. Depois da incrível vitória em Barcelona, ao invés de manter a segurança que demonstrou naquele dia, o venezuelano parece ter involuído. Se meteu em confusão em todas as corridas posteriores e vem acumulando inimizades com os colegas por sua agressividade excessiva. O ligeirinho estava furioso hoje ao fim da corrida, e com toda razão.
Maldonado é bom, mas erra a mão. Precisa ser mais inteligente.